Negros em contos
Se o dia for bom, ainda sobrará para as balas e um maço de cigarros.
Faz frio e a blusa que a mãe recebeu na casa da patroa não lhe aquece bem a magreza. No estômago, pão e café puros torcem-se.
Força o calcanhar. O carrinho vai parando. A roda dianteira no ar, suspensa, gira livremente. Segue a Avenida Corifeu de Azevedo Marques,
interrompida por escavações para saneamento básico. Entre buracos e montes esparsos de terra e asfalto destruído, empurra, sustentando as alças de madeira,
que rolimãs sem asfalto não deslizam. Pés descalços, ele vai com a esperança de conseguir trabalho. Sente-se adulto aos 13 anos. Pensa na doença do irmão.
Está resoluto: “Vou conseguir o remédio.”